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Nossas Apresentações

RESUMOS

VIII CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES, 2021


Perspectivas linguísticas, educacionais e psicoculturais no projeto de internacionalização da Universidade Estadual de Feira de Santana

Milenna BRUN; Laís Sampaio SOARES; Maria Victória de Macêdo ANDRADE


RESUMO:

As instituições universitárias brasileiras têm enfrentado desafios de transformação inerentes ao movimento de intensificação do processo de internacionalização. A Universidade Estadual de Feira de Santana, atenta a esse cenário, vem implantando desde 1997 um processo gradual de internacionalização e esta pesquisa problematizou a trajetória histórica do processo de internacionalização da universidade. O estudo caracterizou-se como um levantamento descritivo que buscou mapear as perspectivas linguísticas, educacionais e psicoculturais presentes no Projeto de Internacionalização e nos Programas de Mobilidade e Cooperação Internacional da universidade de 1997 a 2019. A abordagem metodológica incluiu inicialmente a análise de 66 documentos institucionais (anais dos Workshops de Internacionalização Universitária, editais, formulários, relatórios anuais, resoluções, portarias e Planos de Desenvolvimento Institucionais). Numa segunda etapa, através dos princípios da metodologia de história oral temática, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os gestores da Assessoria de Relações Institucionais. Este trabalho apresenta a análise das perspectivas e dificuldades linguísticas do projeto de internacionalização. Os resultados alcançados revelaram que, apesar da priorização do inglês e do espanhol como línguas de tradução dos sites institucionais, existe uma perspectiva plurilíngue do processo de internacionalização da instituição. Por outro lado, oportunidades de melhoria identificadas no planejamento estratégico institucional não foram implementadas, dificultando a criação de um ambiente cultural e linguisticamente plural. Foi demonstrado um foco com o aspecto de responsabilidade social da internacionalização. Programas extensionistas consolidados incentivam o ensino-aprendizagem de línguas e colaboram para o processo de internacionalização. Contudo, a aprendizagem de línguas ainda não é percebida como imprescindível pela comunidade acadêmica e a falta de proficiência dos estudantes e a ausência de um Centro de Línguas e Culturas foram sinalizadas pelos gestores como aspectos que dificultam o fortalecimento da internacionalização. A pesquisa evidenciou a necessidade de expandir essas ações visando aperfeiçoar a mobilidade tanto nos aspectos práticos quanto nas questões educativas e psicoculturais.


PALAVRAS-CHAVE: Processo de Internacionalização, Mobilidade Acadêmica Internacional, Análise documental, História Oral Temática, Perspectivas Linguísticas e Interculturais.


Educação científica nas licenciaturas em letras: estudo de caso sobre a indissociabilidade ensino- pesquisa-extensão na Universidade Estadual de Feira de Santana

Liz Sandra Souza e SOUSA; Milenna BRUN; Eric Charles BRUN


RESUMO:

A necessidade de fomentar atividades articuladas e não-dissociadas de ensino-pesquisa-extensão e de criar espaços de discussão e reflexão nos currículos de formação inicial de professores no intuito de formar profissionais reflexivos tem sido defendida por diversos autores. Nesse sentido, temos refletido acerca do nosso papel como docentes na formação de jovens-pesquisadores de línguas-culturas nos cursos de Licenciatura em Letras Estrangeiras (Espanhol, Inglês e Francês) na Universidade Estadual de Feira de Santana (Bahia, Brasil).  Neste trabalho apresentamos um estudo de caso sobre a articulação entre Ensino-Pesquisa-Extensão no contexto do Grupo de Pesquisa ELCE (Educação Línguas Culturas Estrangeiras), que busca contribuir para otimizar o processo de construção de saberes articulando abordagens de ensino-aprendizagem na temática de educação para e pelas línguas-culturas modernas. Inventariamos as atividades desenvolvidas (Encontros ELCE, Conversa com Pesquisadores, Oficinas de Metodologia de Pesquisa) e discutimos como favorecem o desenvolvimento de competências pertinentes para a futura prática docente dos jovens professores-pesquisadores. Descrevemos os princípios de investigação e os resultados de pesquisas concluídas e em andamento a partir das informações presentes nos relatórios anuais de pesquisa dos anos de 2016-2021. Salientamos o profícuo diálogo que estamos construindo com as atividades de extensão desenvolvidas no Programa Aprimoramento de Línguas e Literaturas Estrangeiras (PALLE) o que permite integrar e aproximar a universidade e a comunidade, oferecendo um suporte didático-pedagógico aos professores de línguas estrangeiras da rede pública de ensino de Feira de Santana e região e aos licenciandos de letras. Esse movimento tem potencializado a pesquisa ainda na graduação, incentivado a posição dos professores da educação básica como pesquisadores de seus contextos de atuação e possibilitado agir-refletir-agir o ensino de e para línguas-culturas. Evidencia, enfim, que a educação científica na licenciatura fortalece o papel estratégico uma universidade democrática e emancipatória.


PALAVRAS-CHAVE: Educação Científica; Formação Inicial; Professor-Pesquisador; Línguas-Culturas


SAARBRÜCKEN INTERNATIONAL CONFERENCE ON FOREIGN LANGUAGE TEACHING, 2021


Le rôle médiateur des étudiants internationaux dans les stratégies d'internationalisation chez soi à l'Université d'État de Feira de Santana (Brésil)

Milenna BRUN; Francisneide ALBANO

Nous présentons dans cet article la trajectoire historique du processus d'internationalisation de l'Université d'État de Feira de Santana (UEFS) à Bahia au Brésil en mettant l'accent sur le rôle médiateur joué par les étudiants internationaux dans les stratégies d’internationalisation chez soi. Bien que l'UEFS ne soit pas encore internationalement reconnue ni située en zone géographique attractive pour les étudiants internationaux (grand centre urbain ou littoral), elle participe activement au mouvement d'internationalisation de l'enseignement supérieur dans la région nord-est du pays ayant mis en œuvre de nombreuses actions d'internationalisation depuis 1997. Si la mobilité académique est l'action la plus visible de ce processus, elle n'offre une expérience internationale qu’à 1% de l’ensemble de ses étudiants. Les flux d'étudiants entrants et sortants sont disproportionnés, ainsi comme dans d'autres régions d'Amérique Latine. Cependant, des programmes institutionnels et des événements d'internationalisation chez soi ont été mis en œuvre par le Conseil Spécial des Relations Institutionnelles (AERI). Les 154 étudiants internationaux venus d'Europe, d'Amérique et d'Afrique ont contribué à la promotion d'une culture internationale sur le campus. Ainsi, afin de répertorier leur participation en tant qu'agents médiateurs dans le processus d'internationalisation de l'UEFS, nous avons analysé des documents institutionnels et mené des entretiens semi-directifs auprès de responsables de l’AERI. Les résultats indiquent que la participation des étudiants à des programmes d'internationalisation chez soi facilite leur insertion dans le milieu universitaire. Ces pratiques de relations sociales, configurées comme des stratégies de diffusion des aspects socioculturels, linguistiques, économiques et académiques de leurs pays d'origine, contribuent à la qualification des activités d'enseignement et de recherche, ainsi qu’à une formation académique socialement engagée. La mise en œuvre de la politique linguistique à l'université est une priorité actuelle à articuler avec la formation universitaire de citoyens altéritaires capables de dialoguer culturellement et linguistiquement dans différents contextes. 

Mots-clé: Mobilité Académique Internationale. Internationalisation chez soi. Médiation Interculturelle. Étudiants Internationaux. Enseignement Supérieur.


Pour une éducation altéritaire à la diversité humaine au travers des cultures-langues à l’école élémentaire: expériences de recherches à Bahia (Brésil)

Eric BRUN

Cette présentation est une synthèse des recherches universitaires que nous avons menées jusqu’à aujourd’hui pour l’introduction systématisée d’une « Éducation à la diversité humaine au travers des cultures-langues » à l’école publique élémentaire de Feira de Santana (Bahia, Brésil) et de sa région. Cette approche, foncièrement transdisciplinaire (Nicolescu 1999, Feat-Feunteun 2007, Morin & Hessel 2011) s’adresse aux enfants scolarisés de 6 à 11 ans et repose sur un processus d’apprentis- sage-enseignement de la diversité humaine progressant de la diversité locale (familiale, communautaire, régionale) vers la diversité distante (nationale, internationale frontalière et non frontalière). Bien que le principe éducatif de la diversité humaine soit prévu dans les textes légaux brésiliens, il ne fait pas l’objet d’un apprentissage scolaire spécifique comme il se limite, fréquemment, à des groupes nationaux minoritaires. À l’heure actuelle, la diversité humaine est abordée ou non, explicitement ou implicitement par les manuels scolaires des sept disciplines obligatoires (Arts, Éducation physique, Histoire-Géographie, Mathématiques, Sciences, Portugais). L’« Éducation à la diversité humaine au travers des cul- tures-langues » à l’école publique élémentaire propose, soit la formalisation explicite réellement transdisciplinaire de la diversité humaine dans chaque manuel scolaire, soit la création d’une discipline spécifique dont le fondement serait l’apprentissage d’une identité humaine planétaire commune (Morin 1993). Ce champ disciplinaire s’inspire directement des « Approches Plurielles » européennes (Candelier 2003a, 2003b, 2012) et des directives scolaires brésiliennes en synergie avec l’éducation altéritaire antidiscriminante en filigrane dans les textes légaux (Brasil,1996, 1998, 2003, 2008, 2013, 2019). Nous aborderons donc d’abord le concept de « diversité » dans les textes légaux de l’Education Nationale du Brésil puis, nous présenterons des résultats obtenus au cours de notre recherche (2019-2021) portant sur la diversité humaine telle qu’elle est présentée dans les manuels scolaires des deux dernières années de l’enseignement élémentaire à Feira de Santana et sa région.

Mots-clé: Éducation. Culture, langue, école. Éducation altéritaire. Didactique. Matériel.


I CONGRESSO NORDESTINO DE LINGUÍSTICA APLICADA, 2020


A formação do jovem professor-pesquisador em educação para e pelas línguas no grupo de pesquisa ELCE

Liz Sandra Souza e SOUZA; Milenna BRUN; Eric Charles BRUN


RESUMO:

Esta comunicação objetiva apresentar o escopo de atuação do grupo de pesquisa ELCE (Educação Línguas Culturas Estrangeiras)/CNPQ referente ao (1) desenvolvimento de pesquisas (seis concluídas e quatro em andamento) focadas na temática de educação para e pelas línguas-culturas modernas, e (2) a formação dos jovens pesquisadores dos Cursos de Letras com Espanhol, Inglês e Francês da Universidade Estadual de Feira de Santana. O ELCE foi fundado em 2016 na tentativa de reunir pesquisadores nas diversas áreas do conhecimento de letras e humanidades interessados em contribuir para o processo de construção de saberes buscando contribuir para o cenário da pesquisa em Linguística Aplicada no nordeste brasileiro, especialmente, no estado da Bahia. A atuação do ELCE canaliza esforços de todos os atores deste domínio que desejam prioritariamente transformar suas idéias em ações concretas na sala de aula privilegiando a aprendizagem de línguas-culturas.  Os pesquisadores associados ao ELCE têm o objetivo de melhor conhecer e compreender metodologias e abordagens de ensino e seus fundamentos teóricos baseados em uma análise mais aprofundada das situações educativas e de culturas de aprendizagem de línguas estrangeiras. A reflexão proposta posiciona as temáticas da didática de línguas-culturas estrangeiras no campo disciplinar ampliado, a partir das evoluções da sociedade (busca de mais alteridade, senso crítico, ética e não discriminação) das missões e responsabilidades educativas (adequar o discurso docente com seus conteúdos didáticos e atitudes-comportamentos no âmbito acadêmico) e sociais das instituições que almejam difundir e valorizar as línguas, as literaturas e as culturas para em primeiro lugar aproximar os seres humanos. Serão apresentados sucintamente a problemática de três pesquisas atualmente em desenvolvimento: sobre políticas e perspectivas linguísticas educacionais e psicoculturais nos programas de internacionalização, mobilidade e cooperação internacional, sobre a diversidade nos manuais didáticos no ensino fundamental e, sobre as cartografias do desenvolvimento profissional de docentes-pesquisadores de línguas-culturas


PALAVRAS-CHAVE: Formação do Pesquisador em Letras. Linguística Aplicada. Metodologia de Pesquisa. Educação e Línguas.


Reflexões preliminares sobre aspectos psicoculturais e questões identitárias em programas internacionais de mobilidade estudantil

Milenna BRUN


RESUMO:

Este trabalho propõe uma reflexão sobre as questões psicoculturais inerentes à problemática da reconstrução identitária no contexto intercultural e busca fundamentar teoricamente uma iniciativa de intervenção didática de apoio a programas de mobilidade internacional estudantil. Embora reconhecendo a lógica neoliberal de mercantilização do ensino superior através da intensificação da sua internacionalização, observa-se também que o foco foi positivamente deslocado de uma restrita política de cooperação científico-tecnológica para o nobre objetivo educativo da aprendizagem da convivência pacífica. A pertinência e o potencial transformador da experiência de mobilidade internacional são evidentes. Contudo, a premissa da imersão, que caracteriza a visão dos gestores universitários, limita sua ação a aspectos jurídicos e logísticos dos programas de cooperação e/ou de mobilidade. A crença equivocada que a imersão é suficiente para alavancar o desenvolvimento da competência intercultural traz a grave consequência de negligenciar os aspectos subjetivos, agudos e desafiadores de negociação e reconstrução identitária vivenciados pelos estudantes. Por isso, através de perspectivas teóricas e humanistas acerca do contato intercultural, buscamos uma articulação com a dinâmica das mudanças subjetivas vivenciadas pelos estudantes internacionais e defendemos a pertinência de uma intervenção didática a fim de otimizar a experiência dos estudantes, minimizar as dificuldades psicoculturais inerentes à situação de mobilidade internacional e fazer jus aos esforços e iniciativas institucionais. Advogamos uma ação estratégica intervencionista de apoio fundamentalmente nutritiva à mobilidade estruturada em dois eixos norteadores: avaliação sistematizada e acompanhamento no processo como um todo com o intuito de implementar um processo sistemático de aferição do impacto de tais programas.


PALAVRAS-CHAVE: Mobilidade Acadêmica Internacional. Reconstrução identitária. Desenvolvimento competências interculturais. Didática da mobilidade.


Internacionalização universitária: análise do programa de mobilidade acadêmica internacional da Universidade Estadual de Feira de Santana na perspectiva dos gestores

Maria Victória de Macêdo ANDRADE; Laís Sampaio SOARES; Milenna BRUN


RESUMO:

Este projeto de pesquisa abordou a importância do processo de internacionalização universitária e pretendeu investigar a trajetória histórica da implementação de Programas de Mobilidade e Cooperação na Universidade Estadual de Feira de Santana na perspectiva dos gestores ativos da Assessoria Especial de Relações Institucionais. A problemática focou especificamente as políticas, ações e perspectivas linguísticas, educacionais e psicoculturais presentes no Projeto de Internacionalização e nos Programas de Mobilidade e Cooperação Internacional da Uefs. Através dos princípios da metodologia de história oral temática (MEIHY, 2000; FREITAS, 2002), o estudo, de abordagem quali-quantitativa, objetivou descrever o processo de internacionalização da Uefs na perspectiva dos gestores institucionais, (1) inventariando os eventos e ações político-administrativos e educacionais que contribuíram para a internacionalização universitária no sentido amplo e, (2) mapeando as políticas, ações e perspectivas psicoculturais presentes no Projeto de Internacionalização institucional. Entrevistas semi-estruturadas dos gestores focalizaram os aspectos e eventos históricos do processo de internacionalização e foram categorizadas em sete dimensões: história da aeri: reestruturação da assessoria de relações internacionais da Uefs; momentos de consolidação; eventos, programas e convênios; impacto das gestões político-administrativas; perspectivas e dificuldades linguísticas; processo de acompanhamento dos intercambistas internacionais e as estratégias de apoio; perspectiva dos gestores em relação às questões psicoculturais dos estudantes em mobilidade acadêmica out. Foi evidenciado que a proposta de acompanhamento restringe-se a orientações jurídicas, administrativas, financeiras e acadêmicas. A análise histórica das estratégias institucionais no processo de acompanhamento dos estudantes em mobilidade acadêmica da Uefs demonstrou que aspectos psicoculturais da experiência de mobilidade internacional, especialmente de choque cultural e choque cultural reverso, merecem maior destaque. Os resultados parciais apontam para a necessidade de avaliar o impacto dos programas de mobilidade, e consequentemente, implantar ações mais eficazes acerca do acompanhamento e apoio a esses intercambistas.


PALAVRAS-CHAVE: Internacionalização. Mobilidade Acadêmica Internacional. Processo de Internacionalização.



SEMINÁRIO PALLE, 2017

Tendências alteritárias-etnocêntricas nos discursos de professoras de Educação infantil e do 1º ano do Fundamental I em escolas francesas numa abordagem do tipo despertar para as culturas-línguas
Eric Charles Brun

Os resultados apresentados aqui são oriundos de uma pesquisa doutoral realizada em escolas públicas francesas de Educação infantil e Fundamental I de 2012 a 2015. A pesquisa foi longitudinal e comparativa entre turmas escolares que tinham um projeto didático especifico para abordar precocemente a diversidade através das culturas-línguas e outras turmas em outras escolas que não tinham projeto específico, mas apenas a introdução de uma língua estrangeira moderna a partir do 1º ano do Fundamental I. O objetivo principal foi verificar se a apresentação da diversidade cultural-linguística desde o último ano da Educação infantil podia favorecer o desenvolvimento de uma competência atitudinal positiva em relação às diferenças descobertas: fenotípicas, culturais, fonéticas e fonológicas. Esse projeto se embasou, em primeiro lugar, nas descobertas e no aprimoramento da diversidade intragrupal realizadas a partir de atividades didáticas ministradas por um membro da família para apresentar e valorizar uma das culturas-línguas presentes no círculo familiar da criança. Essa cultura-língua podia ser a de escolaridade, o francês no caso, ou uma outra cultura-língua nas famílias pluri-cultural-linguísticas. O projeto visou, num segundo tempo, as descobertas do maior número de culturas-línguas não presentes no espaço escolar através de uma abordagem antidiscriminante explícita da diversidade focando o desenvolvimento de uma competência alteritária. Essa competência foi alcançada a partir de uma análise crítica dos discursos das professoras parceiras gravados durantes as atividades protocoladas pela pesquisa. O corpus expõe centenas de interações verbais significativas entre as crianças e as professoras oriundas de atividades didáticas em culturas-línguas. Apresentamos exclusivamente os resultados acerca dos discursos das professoras em contexto de interação verbal com a criança. Essa pesquisa se inspirou da abordagem do tipo “despertar para as línguas” (CANDELIER, 2003 a; 2003 b) nomeada “Éveil aux langues” em francês e se fundou, por sua vez, na pesquisa do inglês Eric Hawkins (1984). Os resultados apontam a complexidade (MORIN, 1982) do discurso discriminante docente construído numa formação homogênea não crítica e aplicado em contexto escolar profundamente heterogêneo.


Educação para a diversidade: a aprendizagem de línguas-culturas no contexto escolar
Milenna Brun

A defesa do ensino precoce de línguas-culturas estrangeiras origina-se na crença de que a criança é capaz de aprender línguas com mais facilidade do que os adultos e por essa razão a probabilidade de sucesso aumentaria, caso o início do processo de aprendizagem fosse iniciado mais cedo. A percepção de que o monolinguismo é uma desvantagem importante no mundo globalizado e o consequente desejo dos pais de oferecer aos filhos maiores possibilidades de integração no mundo socioprofissional contribuem para a crescente intensificação da oferta de cursos de línguas na educação infantil. Além disso, a difusão do sociointeracionismo como modelo pedagógico também promove o ensino de línguas estrangeiras para crianças numa tentativa de refletir o mundo globalizado em que vivem. Entretanto, a aprendizagem de línguas-culturas estrangeiras no contexto escolar deve visar além do desenvolvimento das competências linguístico-culturais dos aprendizes e aspirar a uma competência global transcultural através da construção de atitudes positivas em relação à diferença para a aprendizagem da alteridade. Para isso parece importante fortalecer a diversidade introduzindo na escola a pluralidade do mundo materializada pelo contato com uma variedade de outras línguas-culturas antes de concentrar esforços e tempo no ensino singular de uma única língua estrangeira moderna (na prática, a língua inglesa). Focalizar a competência transcultural passa pela aprendizagem de atitudes positivas frente à diferença e à diversidade, ou seja, por uma abordagem antidiscriminatória explícita, constante e essencial para a construção do que Morin denominou uma ética humanitária. A compreensão da diversidade não é uma consequência natural da aprendizagem de uma língua-cultura estrangeira. Ela surge (ou não) da transformação e da superação da diferença. Isto é, nem sempre o aprendiz consegue transformar a sua visão do diferente ou estranho - portanto rejeitável – e percebê-lo como diverso – portanto resignificado e absorvível. Assim, o reconhecimento e a valorização da diversidade, ou seja, da multifacetada identidade humana não é uma consequência intrínseca do ensino-aprendizagem de línguas-culturas estrangeiras, mas sim o seu ponto de partida para o desenvolvimento de uma competência transcultural e atitudinal positiva.


Sobre as Experiências e Crenças no Processo de Ensino-Aprendizagem de Língua Inglesa: uma análise de narrativas de estudantes de Licenciatura em Letras com Inglês da UEFS.
Mellissa Moreira Figueiredo Barbosa;
Milenna Brun

Durante todo o nosso percurso escolar e acadêmico construímos experiências pessoais que colaboram para o desenvolvimento de um sistema de crenças acerca do processo de ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira. Ao passo que o aprendiz vivencia experiências educativas e deseducativas, crenças facilitadoras e limitantes são construídas e podem representar obstáculo ou desembargo ao sucesso nesse processo. Frente a isso, pretendemos apresentar os resultados parciais do projeto de pesquisa Narrativas de Aprendizes de Língua Inglesa: Experiências e Crenças no Processo de Ensino-Aprendizagem que se trata de um estudo de caso que tem como objetivo compreender de que forma as experiências de aprendizes de Licenciatura em Letras com Inglês influenciam a construção de suas crenças acerca do processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa ao (1) revelar as experiências de aprendizagem, (2) identificar as crenças de aprendizagem, (3) investigar os aspectos que influenciam a construção das crenças do ensino-aprendizagem de línguas e (4) analisar as relações entre as experiências e as crenças apresentadas pelos estudantes. Tomamos como referencial teórico os estudos de Barcelos (1995, 2000, 2001, 2004, 2006, 2008), de Dewey (1938) e Clandinin e Connelly (2000) ao analisar a relação entre crenças, experiências e narrativas. A pesquisa adota como metodologia a abordagem qualitativa de cunho interpretativista e narrativas de aprendizagem são utilizadas como instrumentos de coleta geração de dados sobre a relação entre crenças e experiências de 03 aprendizes que completaram os componentes curriculares obrigatórios de estudo da língua inglesa (Let 126, Let 127, Let 128, Let 129, Let 130, Let 131) na Licenciatura em Letras com Inglês de uma universidade pública baiana. Espera-se que os resultados possam evidenciar caminhos para modificar algumas crenças limitadoras dos estudantes relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem de LI e contribuir para os estudos na área de formação de professores e sobre novos direcionamentos para os estudos sobre crenças de professores em formação.


Sobre a síndrome do regresso em programas internacionais de mobilidade estudantil: estudo documental dos relatos de graduandos de língua inglesa da UEFS.
Nairon Henrique Matos Almeida;
Milenna Brun

Um programa de intercâmbio acadêmico internacional propõe uma experiência temporária de imersão cultural de estudantes em outros países com o objetivo de fomentar a compreensão mútua e desenvolver habilidades cognitivas, afetivas e socioculturais. No esforço de internacionalização da Universidade Estadual de Feira de Santana, a Assessoria Especial de Relações Internacionais (AERI) implementou o Programa de Mobilidade Acadêmica que tem permitido aos alunos de graduação uma vivência única e enriquecedora em termos pessoais e acadêmicos. Desde 2007, mais de 540 intercambistas participaram do programa como bolsistas e puderam ampliar suas perspectivas pessoais e profissionais. A maioria reconhece a importância do programa como desencadeador de novas identidades socioculturais e linguísticas. De fato, a necessidade de adaptação ao novo ambiente provoca uma reconstrução identitária significativa. Contudo, apesar dos benefícios do intercâmbio, é possível perceber que alguns alunos apresentam uma dificuldade de readaptação associada à sintomas depressivos. Muito já se estudou sobre o choque cultural vivenciado pelos intercambistas ao chegar no novo país. Entretanto, as pesquisas sobre a síndrome de regresso ou de retorno são ainda incipientes. Este estudo documental pretende apresentar os resultados parciais da análise de relatos de ex-intercambistas internacionais matriculados no Curso de Licenciatura em Língua Inglesa da UEFS. O objetivo da pesquisa é investigar os aspectos afetivos presentes nas diversas etapas do programa de intercâmbio (processo de seleção, expectativas antes da viagem, dificuldades de adaptação e readaptação, impacto positivo e/ou negativo do programa na vida pessoal e acadêmica do aluno) e contribuir de maneira concreta para o aperfeiçoamento do acompanhamento dos intercambistas.

SEMINÁRIO DE FRANCOFONIA, 2017


Plaidoyer pour une approche sociodidactique des cultures-langues dès la maternelle.
Eric Brun

L’apprentissage-enseignement de langues étrangères modernes ainsi nommé au Brésil, ou de langues vivantes en France représente, ou devrait représenter pour l’enfant et son enseignant(e) dès l’école maternelle une source inépuisable de découvertes non seulement phonétiques et phonologiques mais surtout et avant tout d’ordre transculturel. Ces découvertes, en abordant la diversité humaine culturelle-linguistique infinie, ne visent pas l’apprentissage formel d’une seule langue mais bien l’éveil de l’enfant à un maximum de langues (HAWKINS, 1984 ; CANDELIER, 2003a, 2003b ; BALSIGER, 2012 ; BLANCHET, 2016). L’approche sociodidactique quant à elle consiste, à travers la valorisation des cultures-langues présentes au sein de l’école (MÜLLER DE OLIVEIRA, 2008) puis aux alentours, à placer le « socio », c’est-à-dire le locuteur, avant même l’objet de son champ disciplinaire que sont les cultures-langues. Il s’agit en fait de présenter aux enfants dès la maternelle la diversité qui commence par lui et s’étend autour de lui. Le recours à des locuteurs proches et pourtant tous différents, utilisant des sons et des artefacts différents relativise la frontière parfois infranchissable qui caractérise encore aujourd’hui l’incompréhension dans les rencontres des cultures (MORIN, 1993). Une approche sociodidactique joint l’apprentissage-enseignement de la culture-langue première et celui de culture(s)-langue(s) différente(s) en mettant en exergue l’être humain bien avant la structure de sa langue sonore. L’objectif à court terme pour l’enfant est l’apprentissage d’une compétence attitudinale envers la diversité humaine composée des trois socles que sont l’altérité, l’empathie et la non-discrimination (Hilsdorf Rocha, 2012). Puis l’objectif à moyen terme d’une approche sociodidactique des cultures-langues est l’apprentissage d’une compétence transculturelle qui ne juxtapose pas les différences mais les incorpore. Et finalement, à long terme, une telle approche pourrait favoriser significativement l’apprentissage formel d’une ou de plusieurs cultures-langues au cours du cycle primaire puis secondaire.

Mots-clés: Sociodidactique. Cultures. Langues. Maternelle. Altérité.


Pour une éducation à la diversité: la reconstruction identitaire dans le contexte de l´enseignement des langues

Milenna Brun

De nouveaux ordres paradigmatiques, une intensification du contact et des conflits entre les peuples nous obligent à opérer une profonde révision de valeurs morales et à réfléchir sur le défi essentiel philosophique et pratique des systèmes éducatifs particulièrement dans l’enseignement de langues-cultures: une nécessaire éducation éthique. Eduquer doit contribuer à la construction dynamique de l’identité de l´individu pour la formation de citoyens dotés d’identité propre, mais qui vivent avec d’autres, différents d’eux-mêmes, et se construisent par le contact avec l´autre. Pour articuler ces questions, nous révisons la recherche sur l’hétérogénéité culturelle sur des différents niveaux conceptuel, formatif et politico-éducationnel ainsi que sur les modèles de la gérer (assimilationniste, intégrationniste, pluri ou multiculturel et interculturel) selon l´approche multiculturelle américaine et l’orientation interculturelle européenne. La perspective de la permanente et inhérente re(construction) identitaire de l´apprenant de langues-cultures nous mène à analyser nos rapports à la différence et aux possibles coupures conceptuelles du monde qui par conséquence implique une relativisation de valeurs et une réorganisation des référents psychoculturels de l’identité dans le trois aspects évoqués dans ce contexte: le besoin d’unité et de cohérence interne qui est déstabilisée par la remise en question des valeurs; le sentiment de différence qui est essentiel pour la conscientisation de l’identité; et, le sentiment de rupture avec la réalité externe à la classe. Dans la recherche d’instruments méthodologiques et techniques orientés vers une action pédagogique basée sur des valeurs d’échange, de connaissance de l’autre et de sa culture sans renonciation de soi et de sa propre culture, nous voyons surgir les tendances mondiales paradoxales: plus nous devenons universels, plus nous devenons tribaux. Cependant, l’enseignement de langues-cultures n’a de sens que s’il a un rôle éducatif et éthique afin de remplir sa fonction de créer des sujets engagés dans la construction d’un monde ouvert, pluriel et conscient.

Mots-clés : Enseignement de langues. Diversité. Reconstruction identitaire.


Por uma educação crítica-reflexiva: a competência político-formativa do professor de Línguas Estrangeiras
Liz Sandra Souza e Souza

Ao compreender o espaço da sala de aula como uma “arena” de proposições das quais não podemos nos refutar o compromisso de agir como “professores intelectuais formadores”, o convite a reflexão a respeito de nossa prática como docentes nos leva a refletir i) se em sala de aula contribuímos para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, ii) se nossa prática demonstra preocupação em erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, e, iii) se promovemos ações para o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Esses questionamentos demarcam ‘frentes’ que devem servir como lentes que nos permitam olhar para os problemas da vida cotidiana, que estão presentes na escola, assumindo uma visão responsiva com a realidade da qual somos parte integrante. Nesse contexto, as aulas de línguas estrangeiras podem cumprir o papel de “inclusão de diferenças” (MOTA, 2004) e “(re)construção de identidades” (BRUN, 2004), tendo em vista que a linguagem é um fenômeno sócio-político e a sala de aula não é um espaço neutro e apolítico. Assim, essa comunicação visa contribuir para a discussão a respeito da competência político-formativa dos professores de línguas estrangeiras já que sua abordagem de ensinar é resultante de suas representações, atitudes, competências, experiências, seus conhecimentos, entre outros, que demarcam ações que repercutirão no espaço escolar, e em consequências as aulas de línguas. Para tanto, dialogamos com a perspectiva da Pedagogia Crítica de Giroux (1997), Paulo Freire (1987), Guilherme (2013) e Siqueira (2008), que defende a pedagogia crítica para o ensino de línguas, e estudos referentes à competência do professor de LE (ORTIZ ALVAREZ, 2015; SOUZA e SOUZA, 2015; BASSO, 2010). Esperamos com essa proposição contribuir para uma nova perspectiva do ensino-aprendizagem de línguas-culturas mais consonante com o processo de educação democrática, cidadã e igualitária que perpassa pela formação crítico-reflexiva do(a) professor(a) de língua estrangeira como um agente de transformação.

Palavras-chave: Formação de Professores. Ensino de línguas. Formação política-reflexiva. Competência político-formativa

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